sexta-feira, 29 de julho de 2011

Zumbi de Palmares

Estendendo-se de meados do século XVI aos fins do XIX, a escravidão, nas Américas, de africanos e descendentes foi um dos episódios mais dolorosos da História dá Humanidade. Mas a toda essa crueldade, que despovoou a Africa e vitimou milhões de seus melhores filhos, opôs-se um modelo de resistência admirável: os quilombos.

Na Angola pré-colonial esses mitos de arraiais militares e núcleos habitacionais e comerciais, abertos a africanos de quaisquer etnias, já desempenhavam um papel político e econômico fundamental. Transplantada para as Américas, a instituição (chamada cumbe ou palanque na América hispânica) firmou sua importância na resistência à escravidão.

Mas de todos os quilombos americanos sem dúvida, o mais importante foi a confederação dé Palmares nascida por volta de 1590, quando escravos de um; engenho pernambucano, depois de uma rebelião sangrenta, refugiam-se na serra da Barriga, atual Alagoas, e lá criam as bases de um incômodo "Estado livre" em pleno Brasil colonial.

Até a destruição de seu reduto principal, em 1694 (cem anos depois), Palmares foi, de fato, um verdadeiro Estado autônomo encravado na capitania de Pernambuco: no auge de sua produtiva existência suas relações com as comunidades vizinhas chegaram a ter momentos de uma troca econômica rica e organizada. E essa autonomia, abalando a autoridade colonial, motivou uma repressão jamais vista.

De 1596 a 1716, ano da destruição de seu último reduto, os palmarinos suportaram investidas de 66 expedições militares e atacaram 31 vezes. E em toda essa luta avulta a figura do grande líder Zumbi. Estrategista comparável aos grandes generais da História ocidental, como Ciro, Aníbal, Alexandre e Napoleão, Zumbi dos Palmares, morto à traição em 20 de novembro de 1695, aos 40 anos de idade, é hoje visto como o maior líder da resistência anti-escravista nas Américas. O tricentenário de seu "ingresso na História", ora comemorado, é a final redenção de um dos maiores heróis da Humanidade.

Fundação Cultural Palmares

Em fins do século XVI, escravos de um grande engenho da capitania de Pernambuco, depois de uma rebelião sangrenta, refugiam-se na Serra da Barriga, na região conhecida como Palmares, hoje pertencente ao Estado de Alagoas, e lá se organizam em kilombo - misto de arraial militar núcleo habitacional e comercial supratribal e supra-étnico, comum na -Angola daquele tempo.

Já na virada para o século XVII, o número de escravos e libertos reunidos em Palmares, e que por necessidade de sobrevivência descia para saltear os engenhos vizinhos, somava centenas de quilombolas. E à desorganizac,ão inicial seguiu-se uma estruturação do reduto. Tanto que, por volta de 1630, Palmares já teria cerca de 3 mil aquilombados, desenvolvendo uma agricultura avançada para os padrões locais e da época, plantando cana-de açúcar, milho, feijão, mandioca, batata e legumes; fabricando artefatos de palha, manteiga e vinho; criando galinhas e porcos; e desenvolvendo uma organizada atividade metalúrgica, necessária à sua subsistência e à sua defesa.

A chegada dos holandeses a Pernambuco, em 1630, e as guerras que essa presença motivou facilitaram a fuga de mais gente para Palmares. Em conseqüência, o quilombo (agora já uma confederação de aldeias) foi se fortalecendo e se transformando em uma real e perigosa ameaça ao poder colonial. Aí, então, a repressão tomou corpo.

De 1596 a 1716, ano da destruição final da resistência quilombola na região, os palmarinos suportaram investidas de 66 expedições coloniais, tanto de portugueses quanto de holandeses. E, em 31 vezes, tomaram a iniciativa do ataque.

Ivan Alves Filho, importante historiador contemporâneo das guerras palmarinas, divide essa história em quatro fases: na primeira, que vai de 1596 a 1630, os ataques coloniais se dirigem a quatro ou cinco aldeamentos, na segunda, de 1631 a 1654, fase da ocupação holandesa de Pernambuco as investidas se concentram na cidadela de Macaco, principal reduto palmarino; na terceira, de 1655 a 1694, travam-se as batalhas mais encarniçadas, aí ocorrendo a queda de Macaco; e, finalmente, na quarta, ocorrem as mortes de Zumbi (1695) e de seus sucessores Camuanga (desaparecido em 1699) e Mouza do Palmar (1716). Mas em 1725 ainda há tropas militares na Serra da Barriga, antecipando a ocupação oficial do território que se dá, afinal, no ano de 1736.

Durante sua longa existência, Palmares teve vários chefes. Mas a História até agora conhecida reservou para dois deles, Zumbi e Ganga Zumba, o papel de protagonistas principais dessa verdadeira epopéia. E o ano de 1678 é o divisor de águas entre esses dois estilos de comandar: depois de sérias perdas suportadas pelos palmarinos em 1677, Ganga Zumba, então principal dirigente, negocia a paz com as autoridades coloniais e abandona a Serra com seus seguidores, provocando uma séria dissensão nas hostes palmarinas e o início da liderança de Zumbi.

Em 1680, no arraial de Cucaú próximo ao litoral, onde se estabelecera, Ganga 7.umba morre envenenado. E a partir daí a repressão a Palmares vai se tornando cada vez mais cruenta, com a participação de milhares de soldados, de milícias patrocinadas pelos senhores de terras e até mesmo de combatentes mercenários. Quinze anos depois, o líder Zumbi - após dezessete anos de combate em que se notabilizou como um dos maiores generais da história da Humanidade -, atraiçoado por um de seus comandados, morre, durante a expedição repressora de Domingos Jorge Velho.

A experiência palmarina foi a maior e mais longa contestação à ordem escravista em todo o mundo e em todos os tempos. Por extensão - e mesmo por ter sido Palmares um reduto que abrigava negros, índios e brancos pobres -, a saga de Zumbi é um rico episódio de luta contra o racismo. Assim, o dia que marca o seu "ingresso na História", 20 de novembro, foi escolhido como "Dia Nacional da Consciência Negra". Consciência que se amplia e se faz ainda mais alerta em 1995, ano do Tricentenário de Zumbi.

Nelson Mandela

Ex-presidente da África do Sul. Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho 1918, próximo a Umtata, capital da reserva de Transkei. Pertencia à família real da tribo themba, chefiada por seu pai, Henry Gadla Mandela. Sua mãe chamava-se Nosekeni. Quando Nelson Mandela tinha doze anos, ficou órfão de pai, do qual era filho único, sendo deixado aos cuidados do chefe da sua tribo. Estudou numa escola metodista e depois em Fort Hare College, em Alice, cidade ao leste do Cabo da Boa Esperança. Lá Nelson Mandela conheceu o futuro revolucionário Oliver Tambo.

Foi suspenso de suas aulas por participar de um protesto contra medidas governamentais que limitavam o poder de decisão da representação estudantil em sua escola. Retornando à sua tribo, foi censurado pelo chefe, que esperava fazê-lo seu sucessor e já estava preparando seu casamento com uma noiva selecionada para ele. Tendo outros projetos para sua vida, Nelson, então com vinte e três anos de idade, decidiu fugir para Johannesburgo. Apesar de sua formação, o máximo que conseguiu foi um cargo de vigia noturno numa mina de ouro. O sistema de controle econômico com controle racial era sustentado pela exploração dos recursos minerais da África do Sul, entre eles ouro e diamantes que supriam fábricas de jóias dos grandes centros da Europa e dos EUA.

Estes interesses econômicos e racistas estavam entre os principais motivos para o prolongado apoio de países europeus, dos EUA, e de aliados, ao regime racista sul-africano, e também a razão de suas contidas manifestações de condenação, e nenhuma intervenção militar, até o período final do regime de apartheid. O sistema de controle sobre a exploração e sobre o comércio das riquezas sul-africanas tinha como uma de suas diretrizes a exclusão dos não brancos. Nesta época, Mandela fez amizade com Walter Sisulo, dono de uma pequena imobiliária, que prestou a ele ajuda financeira e conseguiu-lhe um emprego a fim de que voltasse a estudar Direito.

Casou-se com Evelyn Ntoko Mase, uma enfermeira, indo morar com ela em Soweto. Em 1943, por convite de Walter Sisulo, uniu-se ao Congresso Nacional Africano (CNA), uma organização negra que tinha como principal objetivo por um fim no apartheid. Indo contra o discurso moderado do presidente da organização, A. B. Xuma, Mandela formou com Oliver Tambo, Walter Sisulo e Anton Lambede, a Liga da Juventude do CNA, que defendia uma postura mais agressiva da entidade contra o governo racista sul-africano. A democracia sul-africana, com direito de voto limitado aos brancos, levou ao poder em 1948, o Partido Nacional, que tinham entre suas promessas de campanha reforçar a segregação racial do país, através do apartheid, "desenvolvimento separado". O principal argumento dos racistas referia-se a uma espécie de "valorização da diversidade": afirmava que os negros e brancos estavam em estágios diversos de desenvolvimento e que os próprios negros agrupavam-se em diferentes nações e tribos, com diferentes identidades, e que o isolamento desses vários grupos evitaria atritos entre eles.

Dividiram os negros em dez bantustãs (lares bantus), baseados nas antigas reservas nativas. Incentivando o nacionalismo tribal entre os negros, o governo racista os mantinha divididos e também afastados da educação ocidental, fragilizando-os intelectualmente e garantindo mão-de-obra barata para as indústrias dos racistas. A repressão às militâncias negras também foi aumentada. Em 1958, casou-se com Winnie Mandela. Após o massacre de Sharpeville, em 1960, Mandela organizou um grupo paramilitar para lutar contra o governo racista sul-africano, que tinha apoio de países como os EUA, Inglaterra e Estado de Israel. Preso sob a acusação de traição, em 1961, recebeu em 1964 sentença de prisão perpétua por alegados atos de sabotagem. Neste período sua mulher Winnie Mandela serviu-lhe de porta-voz.

Foi libertado em 1990, quando o governo de minoria branca já não podia mais suportar as freqüentes revoltas da população negra somadas à pressão mundial contra o regime de apartheid em vigor na África do Sul. Mandela, então, liderou o Congresso Nacional Africano em suas negociações com o Presidente F. W. de Klerk. Foi posto um fim no regime de apartheid e estabeleceu-se um governo multirracial. Em 1992, Nelson Mandela divorciou-se de Winnie. Em 1993, recebeu junto com de Klerk, o Prêmio Nobel da Paz.
A filosofia é um assunto (perdão, uma atividade) que tem uma história; e como progride tão pouco, se é que progride realmente alguma coisa, a sua história é, consequentemente, mais importante do que a história de outras disciplinas. O especialista instantâneo bem sucedido tem de se equipar com um conhecimento prático desta história, se quiser singrar na charlatanice.

Para os propósitos deste livro, confinar-nos-emos quase exclusivamente à filosofia ocidental, essa admirável tradição que começou na Grécia no século VII a.C. Há uma boa razão para esta opção. A filosofia da tradição ocidental é um tipo de projecto muito diferente da filosofia oriental. Numa próxima secção daremos alguns conselhos sobre como ser apropriadamente evasivo acerca de temas como a Meditação, o Budismo, a Religião Indiana, as Pessoas com Cabeças Rapadas e Túnicas Amarelas Imundas, e outras ameaças sociais do género.

Portanto, esta secção contém factos mais ou menos interessantes sobre alguns filósofos mais ou menos famosos, factos esses de natureza tanto biográfica como filosófica, dispostos de maneira mais ou menos cronológica.

Os primeiros filósofos gregos são geralmente conhecidos por pré-socráticos, apesar de isto ser enganador: nem todos viveram antes de Sócrates, e, em qualquer caso, não constituíram uma escola coerente; na verdade, a maioria deles não constituíram sequer indivíduos coerentes.

Ninguém sabe por que começou a filosofia quando começou; o especialista instantâneo ambicioso com inclinações marxistas pode tentar oferecer uma explicação em termos de uma dialéctica inexorável de forças históricas, mas nós não o recomendamos. Uma característica notável de muitos pré-socráticos é a sua tentativa de reduzir os constituintes materiais do Universo a uma ou mais Substâncias básicas, tais como a Terra, o Ar, o Fogo, as Sardinhas, os Gorros de Lã Velhos, etc.

Tales de Mileto (c. 620-550 a.C.) foi o primeiro filósofo reconhecido. Poderão ter existido outros antes dele, mas ninguém sabe quem foram. Ele ficou conhecido principalmente por defender duas coisas:

1) Tudo é feito de Água; e

2) Os ímanes têm alma.

O leitor poderá pensar que não foi um princípio muito prometedor.

aximandro (c. 610-550) pensava que tudo era feito do Apeiron, uma concepção que tem um certo encanto espúrio, até percebermos que não quer realmente dizer coisa alguma.

Anaxímenes (c. 570-510) aventurou-se corajosamente numa direcção completamente nova, apesar de não menos arbitrária, ao afirmar que na realidade tudo era feito de Ar, uma perspectiva talvez mais plausível na Grécia do que, por exemplo, no Barreiro.

Heraclito (c. 540-490) discordou, defendendo antes que tudo era feito de Fogo. Mas ele avançou um passo mais, afirmando que tudo estava num estado de fluxo e que tudo era idêntico ao seu oposto, acrescentando que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, e que não existe qualquer diferença entre o Caminho a Subir e o Caminho a Descer, o que mostra que nunca foi ao Bairro Alto numa sexta-feira à noite. Vale por vezes a pena referir de passagem (o que constitui sempre a melhor maneira de nos referirmos ao que quer que seja em filosofia) a «Metafísica de Heraclito», para falar da sua doutrina do fluxo, desde que não tenhamos de explicar seja o que for. Heraclito era muito admirado por Hegel (q.v.), o que nos diz talvez mais sobre Hegel do que sobre Heraclito.

Pitágoras (c. 570-10), como qualquer aluno da primária sabe, inventou o triângulo rectângulo; na verdade foi mais longe, ao acreditar que tudo era feito de números. Acreditava também numa forma extrema de reincarnação, defendendo que uma larga gama de coisas improváveis, incluindo os arbustos e os feijões, têm alma, o que tornava a sua dieta bastante problemática, acabando por ser indirectamente responsável pela sua bizarra morte (q.v.).

Empédocles (c. 500-430), um notável médico e político siciliano do século V, completamente doido (veja-se Mortes para mais detalhes), pensava que tudo era feito de Terra, Ar, Fogo e Água, misturando-se ou separando-se tudo através do Amor e da Discórdia, ganhando cada um, à vez, a proeminência no ciclo do eterno retorno, espelhando assim o cosmos, em grande escala, o casamento suburbano típico.

Depois vêm os eleatas, Parménides (520-430) e Melisso (480-420), que foram ainda mais além. Em vez de afirmarem que tudo era na realidade feito de uma substância, defenderam antes que na realidade só havia uma única Coisa, grande, esférica, infinita, imóvel e imutável. Toda a aparência de variedade, movimento, separação entre objectos, etc., era uma Ilusão. Esta teoria extraordinariamente contra-intuitiva (por vezes conhecida por Monismo, da palavra grega «mono», que quer dizer «dispositivo antiquado de gravação») revelou-se surpreendentemente popular, sem dúvida por estar de acordo com a experiência que as pessoas têm com algumas instituições, como os Correios e a EDP.

O seu sucessor, Zenão (500-440), avançou um conjunto de argumentos paradoxais para mostrar que nada pode mover-se. Aquiles e a Tartaruga são ainda discutidos, tal como a Flecha: argumentou ele que esta não podia realmente mover-se, o que, a ser verdade, teria sido uma boa notícia para S. Sebastião. Os argumentos tratam de saber em grande parte se o Espaço e o Tempo são infinitamente divisíveis, ou se um deles, ou ambos, é feito, ou são feitos, de quanta indivisíveis — mencione isto para dar a Zenão um ar moderno; se lhe pedirem explicações, mude de assunto.

Os últimos dos pré-socráticos são os atomistas Demócrito (c. 450-360) e Leucipo (450-390). Diz-se por vezes que eles anteciparam a teoria atómica moderna. Isto é completamente falso, e o especialista instantâneo ganha alguns pontos ao dizê-lo, pela simples razão que o que há de crucial nos átomos democritianos é a sua indivisibilidade, ao passo que o que há de crucial nos átomos modernos é o facto de não serem indivisíveis. O leitor pode também fazer notar que Demócrito não gostava de sexo, apesar de não se saber se tal se devia a razões teóricas ou a algum infeliz revés pessoal.

É tudo quanto aos pré-socráticos; vamos agora ao próprio homem que lhes deu o nome, Sócrates (469-399). Sócrates não escreveu coisa alguma: dependemos de Platão no que respeita a qualquer informação sobre ele, e é uma vexata quaestio (uma boa expressão) saber até que ponto Platão reproduziu as ideias de Sócrates, ou se limitou unicamente a usar o seu nome. Não se deixe enredar nesta questão: uma boa manobra é afirmar, com um certo desdém arrogante, que o que conta é o conteúdo filosófico, e não a sua origem histórica.

Platão (427-347) acreditava que os objectos comuns do quotidiano, como as mesas e as cadeiras, eram meras cópias «fenoménicas» imperfeitas de Originais perfeitos que existiam no Céu para serem apreciados pelo intelecto, as chamadas Formas. Também há formas de itens abstractos tais como a Verdade, a Beleza, o Bem, o Amor, os Cheques Carecas, etc. Esta posição trouxe algumas dificuldades a Platão: se tudo o que vemos, sentimos, tocamos, etc., deve a sua existência a uma Forma Perfeitamente Boa, têm de haver Formas Perfeitamente Boas de Coisas Perfeitamente Horríveis. O próprio Platão menciona o cabelo, a lama e a sujidade; mas nós podemos pensar em exemplos muito melhores, tais como peúgas brancas com sapatos pretos, caramelos de Badajoz e galos de Barcelos.

Platão parece ser imensamente sobrestimado como filósofo; se não acredita em mim, veja o seguinte argumento tipicamente platónico, tirado do Livro II da República:

1) Aquele que distingue as coisas com base no conhecimento (presumivelmente, em vez de ser com base no mero preconceito) é um filósofo;

2) Os cães de guarda distinguem as coisas (neste caso, os visitantes) consoante os conhecem ou não (esta é uma verdade cara aos carteiros); ergo

3) Todos os cães de guarda são filósofos.

Experimente usar de vez em quando este argumento, para ver como se sai.

Outra manobra útil de aproximação a Platão é argumentar uma das duas ideias seguintes:

1) que ele era um feminista;

2) que não era.

Ambas as afirmações podem ser sustentadas e acabar por revelar-se úteis (em ocasiões diferentes, claro). O indício para 1) é o facto de Platão afirmar no Livro 3 da República que as mulheres não devem ser discriminadas em questões de emprego unicamente por serem mulheres. A favor de 2) é o facto de, imediatamente a seguir, Platão comentar que uma vez que as mulheres são por natureza muito menos talentosas do que os homens, esta «liberalização» não faz de qualquer maneira diferença alguma.

Depois de Platão vem Aristóteles (382-322), por vezes conhecido como o Estagirita, que ao contrário do que pode parecer não é o embrião de um estagiário, mas um nativo de Estagira, na Macedónia. Foi aluno de Platão e esperava suceder-lhe como director da Academia. Sentiu-se, por isso, ultrapassado quando Espeusipo (não é necessário saber seja o que for sobre ele) ficou com o lugar, abandonando ofendido a Academia para fundar a sua própria escola, o Liceu — que não deve ser confundido com o lugar misterioso onde os nossos pais perderam a inocência.

Aristóteles era estupidamente brilhante. Desenvolveu a Lógica (na verdade, inventou-a), a Filosofia da Ciência (que também inventou), a Taxonomia Biológica (sim, também foi inventada por ele), a Ética, a Filosofia Política, a Semântica, a Estética, a Teoria da Retórica, a Cosmologia, a Meteorologia, a Dinâmica, a Hidrostática, a Teoria da Matemática e a Economia Doméstica. Não é aconselhável dizer seja o que for que não seja elogioso em relação a ele, mas o especialista instantâneo atrevido pode aventurar-se a lamentar a inclinação excessivamente Teleológica da sua Biologia, ou comentar que apesar de a sua teoria lógica ser um feito notável, ela foi no entanto, como é óbvio, ultrapassada pelos desenvolvimentos modernos devidos a Frege e Russell (q.v.). Mas tenha cuidado com estas afirmações, e nunca as produza se estiver a falar com um matemático, mesmo que este seja muito novo. Uma linha de abordagem muito mais segura consiste em depreciar moderadamente os aspectos mais caricatos da Biologia de Aristóteles, dos quais o seguinte argumento sobre a estrutura dos genitais das cobras é um exemplo:

As cobras não têm pênis porque não têm pernas; e não têm testículos por serem tão compridas. (De Generatione Animalum)

Aristóteles não oferece qualquer argumento para sustentar a sua primeira alegação, a não ser a suposição geral a que somos conduzidos de que caso contrário o órgão em causa seria penosamente arrastado pelo chão; mas a segunda deriva da sua teoria da reprodução. Para Aristóteles, o sémen não é produzido nos testículos, mas na espinal medula (os testículos funcionam aparentemente como uma espécie de sala de espera do esperma vagabundo); além disso, o sémen frio é estéril, e quanto mais tiver de viajar, mais arrefece (daí o facto conhecido, comenta ele, de os homens com pênis compridos serem estéreis). Assim, uma vez que as cobras são tão compridas, se o sémen parasse algures no caminho, as cobras seriam estéreis; mas as cobras não são estéreis; logo, não têm testículos. Este esplêndido argumento é um exemplo de Teleologia Excessiva, ou de uma explicação em termos de fins e objectivos, que neste caso põe na verdade tudo de pernas para o ar.

Depois de Aristóteles a filosofia fragmentou-se cada vez mais. Fundaram-se várias escolas rivais para complementar, e desancar, as já existentes Academia e Liceu. As grandes novidades do princípio do século III a.C. são os estóicos, os epicuristas e os cépticos.

Os estóicos acreditavam perversamente numa Providência Divina que tudo abarcava, apesar de todos os dados em contrário, tais como a ocorrência de desastres naturais, o triunfo das injustiças e a existência de hemorróidas. Crisipo, talvez o mais proeminente, e sem dúvida o mais palavroso dos estóicos, argumentou que as pulgas tinham sido criadas por um Providente Benevolente para não deixar as pessoas dormir de mais. Os estóicos contribuíram também com alguns desenvolvimentos importantes na teoria da lógica, o que lhes permitiu formular alguns tipos de argumentos que tinham escapado a Aristóteles. Mas o especialista instantâneo não deve preocupar-se muito com isso.

Os epicuristas, assim chamados em nome do seu fundador, Epicuro (342-270) defendiam que o nosso Fim era o prazer, consistindo este na satisfação dos desejos, o que era um bom começo. Mas depois deram a volta às coisas, afirmando que isto não significava que ter muito prazer era uma coisa boa; pelo contrário, uma pessoa devia limitar o número dos seus desejos, para que assim não acabasse por ficar com muitos desejos por satisfazer — um projecto que tem como consequência uma vida miseravelmente chata (e que, a ser cumprido, implicaria a completa reestruturação das fantasias do adolescente típico). Este ponto de vista é lógico, e ainda mais divertido, e, é claro, completamente oposto àquela ideia da filosofia como a procura do Inefável e do Inatingível — a União Mística com o Criador, a Empatia Total com o Cosmos, ou uma Noite com a Claudia Schiffer. Assim:

Por prazer entendemos a ausência de dor física e mental. Não se trata de beber, nem de festas orgiásticas, nem da satisfação com mulheres, rapazes ou peixe. (Extraído de Carta a Menécio)

Não sabemos aonde foi ele buscar a ideia do peixe, mas asseguramos-lhe que está no texto. A outra característica importante do epicurismo era a sua versão da Teoria Atómica, que era como a de Demócrito, excepto que, para preservar o Livre Arbítrio, os epicuristas defendiam que de vez em quando os átomos davam uma guinada imprevisível, causando colisões, mais ou menos como os motociclistas acelerados das cidades. Defendiam também que apesar de os deuses existirem, se estão nas tintas para os homens porque têm mais que fazer.

A outra grande escola deste período, os cépticos, não acreditavam em nada. O seu fundador, Pirro de Elis (c. 360-270), não escreveu quaisquer livros (presumivelmente porque não acreditava que alguém os leria, se acaso os escrevesse), apesar de alguns cépticos posteriores — inutilmente, poderemos pensar — o terem feito, sendo de notar Tímon, que escreveu um livro de sátiras chamado Silloi, Enesidemo e Sexto Empírico. A linha de argumento principal consistia em afirmar que nenhum dado dos sentidos era digno de confiança, apesar de poder ser agradável, e que, consequentemente, ninguém podia ter a certeza fosse do que fosse. Na verdade, ninguém podia ter a certeza que não se podia ter a certeza fosse do que fosse. Para sustentar esta ideia, ofereceram algumas versões do Argumento da Ilusão, que Descartes iria usar mais tarde.

Diz-se que o cepticismo de Pirro era tal que os amigos tinham de o impedir, repetidamente, de cair nos precipícios e nos rios e de caminhar de encontro a carros em andamento, o que não devia dar-lhes qualquer descanso, apesar terem sido aparentemente muito eficientes, pois morreu com uma idade bastante avançada. Diz-se que visitou os gimno-sofistas indianos, ou «filósofos nus», assim chamados devido ao hábito de fazerem seminários em pêlo. Uma vez ficou tão irritado com as perguntas insistentes que lhe dirigiam em público que se despiu completamente (talvez por influência dos gimno-sofistas), mergulhou no ilusório Rio Alfeu, e nadou vigorosamente para longe, uma táctica que o especialista instantâneo fortemente pressionado pode considerar imitar.

Havia mais algumas escolas menores que tentavam alcançar a ribalta, nomeadamente os cínicos, que eram os mestres do comentário sarcástico, e uma desgraça se apareciam para jantar. Um deles, Crates, era conhecido por irromper nas casas das pessoas para as insultar. O cínico mais famoso foi Diógenes, que vivia numa barrica para fugir aos impostos, e que ficou conhecido por ter uma vez dito a Alexandre Magno, com uma certa aspereza, para lhe sair da frente para não lhe tapar o sol. Costumava também escandalizar as pessoas por comer, fazer amor e masturbar-se em locais públicos, quando e onde lhe dava vontade.

Pode ser útil fingir um certo afecto pelos cínicos: estavam-se completamente nas tintas para o que as outras pessoas pensavam deles, sendo por isso modelos da Temperança Filosófica, ou idiotas chapados, dependendo do seu ponto de vista. É irrelevante o ponto de vista adoptado, mas certifique-se de que adopta um qualquer.

A filosofia vagueou no mundo greco-romano sob da protecção imprevisível dos imperadores romanos, cujas atitudes para com os filósofos variavam consideravelmente. Marco Aurélio, por exemplo, foi ele próprio um filósofo; Nero, por outro lado, matava-os. A influência do cristianismo começou a fazer-se sentir neste período, e a filosofia sofreu com isso.

Agostinho, que por qualquer razão bizarra se tornou um santo, apesar da sua pródiga vida sexual e da sua famosa oração a Deus («faz-me casto — mas ainda não») teve algumas ideias interessantes: antecipou o Cogito de Descartes (penso, logo existo; refira-se sempre a isto como «o Cogito»), e desenvolveu uma teoria do tempo segundo a qual Deus está fora da corrente temporal de acontecimentos (sendo Eterno e Imutável, não tinha outra saída), o que quer dizer que o Todo-Poderoso nunca sabe a que horas são as coisas, mais ou menos como os maquinistas da CP.

Havia também os neoplatónicos, alguns dos quais eram cristãos, enquanto outros não, mas cujos nomes parecem todos começar por P. Os que eram cristãos dedicavam-se a mostrar que Platão tinha na realidade sido cristão, uma ideia que exige uma reorganização temporal surpreendente, para não dizer implausível. Os neoplatónicos tinham a tendência para falar de Coisas Abstractas com Letras Maiúsculas, tais como o Uno e o Ser, de uma maneira que ninguém percebia. Isto não é um problema exclusivo deles: Heidegger fez o mesmo, mas é claro que ele era alemão, e isso é o tipo de coisa que se espera de um alemão. Encontrará talvez pessoas que cultivam alguma admiração por esta gente; não hesite em afastá-los sumariamente, especialmente Plotino, Porfírio e Proclo, apesar de poder admitir relutantemente que o último tinha umas ideias interessantes sobre Causas.

Depois disso veio a Idade das Trevas, e a chama da filosofia, como os historiadores palavrosos gostam de dizer, foi mantida no mundo árabe, e em mosteiros que ou eram tão remotos ou tão pobres que não valia a pena saquear. A pouca filosofia que existia na Europa sofreu uma viragem depressivamente teológica, centrando-se sobre disputas tais como se Deus era Uma pessoa em Três ou Três pessoas Numa, a natureza exacta da Substância do Espírito Santo e quantos anjos podem dançar na cabeça de um alfinete (no caso improvável de desejarem realmente fazê-lo).

Vale talvez a pena chamar a atenção para Córdova, no sul de Espanha, que estava ocupada pelos árabes, e que era o país natal do maior filósofo judeu, Maimónides, e do grande filósofo árabe, Averróis. Algumas pessoas dirão que o maior filósofo árabe foi Avicena, e não Averróis — mas não se renda (o dogmatismo compensa). Durante várias centenas de anos, os judeus, os árabes e os cristãos conseguiram viver todos juntos. A intolerância religiosa, apesar de ser perene, não tem sido um facto invariável da vida.

Na Europa, a filosofia começou a renascer no século XI com Anselmo, outro dos santos filosóficos, que ficou famoso por ter inventado o enganadoramente chamado Argumento Ontológico da existência de Deus, que é notável pela sua implausibilidade, pela sua longevidade, e pela dificuldade em ser refutado. É assim: pense numa coisa maior do que a qual nada pode existir; mas a existência é ela própria uma propriedade que torna uma coisa melhor. (Esta alegação, implausível quando aplicada à halitose e aos bebés, torna-se mais persuasiva se a entidade em questão for boa em todos os outros aspectos.) Logo, se esta coisa maior do que a qual nada pode ser pensado (i.e., Deus) não existisse, poderíamos imaginar a existência de outra coisa ainda maior, nomeadamente, um Deus existente, que teria todas as propriedades do primeiro, mais a existência como bónus. Mas nós podemos conceber este último. Logo, Deus tem de existir. O próprio Anselmo afirma que foi Deus que lhe enviou uma visão com o argumento pouco depois do pequeno almoço, no dia 13 de Julho de 1087, numa altura em que ele estava a passar um mau bocado com a sua fé. Este é assim o único grande argumento da história da filosofia cuja descoberta pode ser datada com precisão. A não ser, claro, que Anselmo estivesse a contar lérias.

O próximo santo filosoficamente importante foi Tomás de Aquino (1225-74), que foi responsável em grande parte pela reintrodução de Aristóteles no mundo ocidental. (Aristóteles foi delicadamente ignorado durante séculos por académicos que não gostavam de admitir que não sabiam grego.) São Tomás é também o único filósofo oficialmente reconhecido pela Igreja Católica. Tornou-se conhecido por propor as Cinco Vias para provar a existência de Deus — não tinha ficado muito impressionado com Anselmo. Não precisa de saber quais são essas Cinco Vias, mas pode talvez fazer notar que não existe qualquer diferença significativa entre as primeiras três, de maneira que Tomás de Aquino estava a exagerar um bocado.

Ele é também o autor de dois argumentos interessantes contra o incesto. Em primeiro lugar, o incesto tornaria a vida familiar ainda mais infernalmente complexa do que já é; em segundo lugar, o incesto entre irmãos devia ser proibido porque se ao amor típico dos casais se juntasse o amor típico dos irmãos, o vínculo resultante seria de tal maneira poderoso que resultaria em relações sexuais anormalmente freqüentes. É uma infelicidade que São Tomás não defina este último conceito intrigante. Podemos também duvidar seriamente se teve realmente irmãos ou irmãs.

Quanto ao resto dos escolásticos medievais, como são conhecidos devido à sua predilecção pedagógica para o intenso pedantismo, a maioria dos mais importantes parecem ter sido franciscanos. Deve afastar-se decididamente deles, ou pelo menos dos pormenores. Poderá recordar que Duns Escoto (1270-1308) era na verdade irlandês, e que era além disso, segundo Gerard Manley Hopkins, «o mais dotado decifrador do real», seja o que for que isso queira dizer. Outro nome que vale a pena usar é o de Guilherme de Ockham (c. 1290-1349), considerado universalmente o maior lógico medieval, e conhecido sobretudo pela «Navalha de Ockham», com a qual pôs fim a séculos de filosofia hirsuta. A Navalha é usualmente citada segundo a fórmula «As Entidades não devem ser Multiplicadas sem Necessidade», ou, melhor ainda, em latim: «Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem» (i.e., Não Inventes). O especialista instantâneo ganha alguns pontos extra se comentar que esta formulação não se encontra, na verdade, em parte alguma da oeuvre extraordinariamente logorreica de Ockham.

A idade moderna da filosofia começa efectivamente com a descoberta, na renascença, do cepticismo grego; foi traduzido por Lorenzo Valla e usado por Michel de Montaigne. Depois de ascender de Valla para Montaigne, a epistemologia céptica formou a base a partir da qual Descartes iria reconstruir uma filosofia positiva.

René Descartes, (1596-1650), como quase todos os ensaios dos caloiros de filosofia lhe dirão, foi o Pai da Filosofia Moderna. Descartes foi em muitos aspectos uma personagem apaixonante: tinha muita dificuldade em levantar-se de manhã, e inventou o Cogito (lembre-se de o chamar sempre assim) enquanto estava escondido num quarto aquecido da Baviera, em 1620, para ver se escapava à tropa. Nunca casou, mas teve uma filha ilegítima. É aconselhável decorar o famoso slogan filosófico de Descartes em pelo menos três línguas, pois em português rende muito pouco. O próprio Descartes publicou-o em latim e em francês: Cogito, ergo sum; «Je pense, donc je suis» (a versão do Discours de la Méthode, que é menos conhecida do que a das Meditações latinas, constituindo portanto um material melhor para o especialista instantâneo). Os especialistas instantâneos mais experientes podem divertir-se oferecendo versões em alemão, servo-croata, hindustani, etc. Descartes chegou à conclusão que pelo menos isso era certo, depois de tentar sistematicamente duvidar de tudo o resto, tendo começado com coisas comparativamente simples, como as laranjas, o queijo e os números reais, avançando depois gradualmente para as verdadeiramente difíceis, como Deus e a sua senhoria.

Descartes descobriu que podia duvidar da existência de tudo, excepto da realidade dos seus próprios pensamentos. (Ele tinha mesmo algumas dúvidas quanto ao seu próprio corpo, e com razão, a acreditar nos retratos que nos chegaram.) Partindo desta certeza inabalável, Descartes passou à «reconstrução de uma ponte metafísica» (use esta expressão: soa bem) para chegar à realidade comum, por meio da demonstração da existência de Deus (exactamente como fez ele tal coisa não deve preocupar-nos: basta saber que o fez), acabando assim por deixar tudo mais ou menos como estava antes. Mas a filosofia é mesmo assim, como mais tarde diria Wittgenstein. O leitor pode legitimamente perguntar-se no seu íntimo se valeu a pena o esforço: mas não deixe jamais transparecê-lo.

A partir desta altura a filosofia começa a mostrar sinais de se dividir em duas tradições, a britânica e a continental. Este tipo de comentário enfurece os franceses e os alemães que, não sem alguma razão, gostam de pensar que têm tradições independentes — por isso vem mesmo a jeito quando falamos com eles.

Os britânicos tendem a ser agrupados como empiristas, o que quer dizer que, tal como o nome sugere, constroem os seus sistemas com base no que pode ser sentido, observado, ou objecto de experiência. As personagens mais importantes parecem uma anedota racista: era uma vez inglês (Locke), um irlandês (Berkeley) e um escocês (Hume). Mas quem gosta de anedotas ficará desapontado ao descobrir que, apesar dos estereótipos, Berkeley era muito esperto e Hume muito generoso.

Mas comecemos com John Locke (1632-1704), que pensava que os objectos tinham dois tipos de atributos:

1.Qualidades Primárias, como a Extensão, a Solidez e o Número, tidas como inseparáveis e inerentes aos próprios objectos, e

2.Qualidades Secundárias, tais como a Cor, o Sabor e o Cheiro, que parecem estar nos objectos, mas que estão na verdade em quem percepciona. (Qualquer pessoa que tenha passado há pouco tempo por um campo recentemente adubado com estrume de cavalo pode sentir-se na disposição de duvidar disto.)

Que há-de fazer-se ao certo com atributos como a Extrema Maldade, que parece simultaneamente estar espalhada e ser objectiva, ninguém sabe: mas ele defendia que o Feio, tal como o Belo, são relativos, o que significa que ainda podemos ter esperança.

Locke pensava também que não tínhamos Ideias Inatas (sendo assim, a mente de um recém-nascido seria uma tabula rasa, uma ardósia limpinha: tal como muitas mentes de adultos, a julgar pelas aparências) e que todo o nosso conhecimento do mundo exterior ou foi directamente derivado do mundo exterior, ou indirectamente extrapolado a partir dele. Isto deu-lhe alguns problemas para conseguir dar conta de conceitos altamente abstractos, como o Número, o Infinito e a Cantina Universitária. Locke defendeu ideias interessantes sobre a Identidade Pessoal — como me distinguo das outras mentes? Qual é o Conteúdo da Continuidade da minha Personalidade? Serei eu a mesma Pessoa que casou com a minha mulher à cinco anos? Se sou, ainda estou a tempo de fazer alguma coisa? etc. —, sustentando que nem todos os Homens eram Pessoas, pois para se ser uma Pessoa exige-se um certo nível de auto-consciência, e que nem todas as Pessoas eram Homens. A razão pela qual ele acreditava nesta última ideia devia-se unicamente à sua crédula aceitação de uma história de um viajante latino-americano que afirmava ter conhecido no Rio de Janeiro uma arara inteligente que falava português.

George Berkeley (1685-1753), apesar das desvantagens de ser simultaneamente irlandês e bispo, era mais radical. Defendia que as coisas só existiam se fossem percepcionadas («Esse est percipi»: não se esqueça desta), e a razão pela qual ele acreditava nesta ideia extraordinária, que ao que parece ele pensava ser no entanto simples senso comum, é que era impossível pensar numa coisa impercepcionada, pois no momento em que tentamos pensar nela como coisa impercepcionada já estamos, por pensar nela, a percepcioná-la.

A filosofia de Berkeley esteve fortemente em voga, e teve a virtude de irritar imenso o Dr. Johnson, que afirmou tê-lo refutado ao dar um pontapé numa pedra — uma forma particularmente pouco filosófica de refutação que falhou completamente o ponto de Berkeley. As pessoas que defendem estas ideias chamam-se idealistas (ver Glossário). Tal como a maior parte das coisas em filosofia, os idealistas são mais ou menos lunáticos; G. E. Moore comentou uma vez que os idealistas só acreditam que os comboios têm rodas quando estão nas estações, uma vez que não as podem ver quando viajam. Segue-se também, o que é muito interessante, que as pessoas não têm corpos a não ser quando estão nuas, um facto que, a verificar-se, tornaria completamente inútil grande parte da especulação quotidiana.

O sucessor natural deste género de ideias é uma forma de cepticismo: e é aqui que entra Hume (1711-76). Hume publicou o seu primeiro livro, o Treatise of Human Nature, em 1739, e ficou um bocado ofendido porque ninguém lhe ligou nenhuma. Sem se deixar abater, no entanto, limitou-se a reescrevê-lo e a publicá-lo com outro título (Enquiry Into Human Understanding), e as pessoas deram-lhe imediatamente importância e atenção.

A perspectiva geral é que a Enquiry é muito inferior ao Treatise: o especialista instantâneo pode tentar opor-se a esta perspectiva (a Enquiry tem pelo menos a virtude de ser muito mais pequena). Entre as coisas que é útil saber sobre Hume contam-se o facto de ele ter oferecido um tratamento original das causas, de acordo com o qual as causas e os efeitos são unicamente os nomes que damos aos acontecimentos ou itens que foram repetidamente observados juntos: a «Conjunção Constante». Tente notar que, na Enquiry, as três formulações de Hume deste princípio não são equivalentes: uma faz das causas condições necessárias dos seus efeitos; uma segunda fá-las condições suficientes; e a terceira parece ser ambígua. E o leitor pode comentar que este princípio não consegue distinguir as causas dos efeitos colaterais. Hume pensava também que o Livre Arbítrio e o Determinismo podiam ser compatíveis: duvide disto delicadamente.

Entretanto, de volta ao continente, temos de dar conta de indivíduos como Espinosa (1634-77), um polidor de lentes de Amesterdão. Foi muito admirado (mas não, aparentemente, pelos seus contemporâneos, que primeiro o excomungaram publicamente, tendo depois tentado assassiná-lo, quando isso não deu resultado) pelo seu Sistema Ético, que pôs de pé como um conjunto de deduções formais em geometria. Não é surpreendente, devido ao seu método, que ele tivesse sido um forte Determinista, tendo acreditado ainda numa Necessidade Lógica inabalável. A melhor aproximação a Espinosa é equilibrar uma certa admiração pelo homem, com um leve sentido de desapontamento por ter usado um sistema tão impróprio para um tema como a ética. A ética, pode dizer-se sentenciosamente (como na realidade o fez Aristóteles), não é apropriada para ser exibida num sistema formal axiomático.

Leibniz (1646-1716) é popularmente conhecido através da caricatura de Pangloss, no Cândido de Voltaire, o parvo optimista que pensa que estamos no melhor dos mundos possíveis, o que é um completo disparate. Contudo, Leibniz só escreveu coisas desse género para reconfortar os monarcas. Podia pensar-se que eles já tinham conforto suficiente, mas não. Leibniz escreveu também muito sobre assuntos Lógicos e Metafísicos, mas estas especulações não foram publicadas durante a sua vida, porque não eram muito reconfortantes para os monarcas. No caso improvável de este nome vir a lume, reflicta tristemente na diferença entre a qualidade do pensamento privado de Leibniz, e a pobreza das suas afirmações públicas.

O espaço não nos permite dizer muito sobre os filósofos franceses do século XVIII, cujas figuras de proa foram Voltaire, Rousseau e Diderot. Eles são notáveis por terem sido todos presos ou exilados, ou ambas as coisas. Está cada vez mais na moda exaltar a originalidade, o instinto, a humanidade e a excelente prosa erótica de Diderot, desprezando os outros, acrescendo ainda que vale a pena cultivá-lo mais que não seja porque pouco do que ele escreveu, excluindo La Réligieuse, está correntemente disponível em português. Experimente introduzir na conversa La Reve de d’Alembert ou Jacques Le Fataliste — e nunca se esqueça de mencionar que ele vivia da escrita de textos pornô.

O Marquês de Sade é um bom investimento, parcialmente por ser um exemplo de um aristocrata maluco com um comportamento extravagantemente desviante, mas também devido ao seu tipo particularmente louco de filosofia do estado de natureza: o seu mote poderia ter sido qualquer coisa como «se sabe bem, não hesites». Sabia bem, ele não hesitou e acabou preso por causa disso. Pode mencionar a Philosophie dans le Boudoir, uma mistura extraordinária de filosofia política, moral e sócio-biológica com muito sexo sadomasoquista imaginativamente coreografado. Pode perguntar-se suspeitosamente se a sua filosofia terá sido levada suficientemente a sério (na verdade foi: mas não precisa de o mencionar).

O que nos conduz aos alemães do século XIX. O nosso conselho é este: evite-os a todo o custo. Tudo o que precisa de saber do seu precursor, Kant, pode encontrar-se noutra secção (ver Ética). Tudo o que todas as pessoas sabem sobre Hegel pode escrever-se num postal ilustrado, e mesmo assim seria ininteligível. Ele possuía, de forma muito avançada, esse talento comum aos advogados, entusiastas de computadores e filósofos alemães, que consiste em tornar o basicamente simples fantasticamente complexo.

Começou por usar a palavra «dialéctica» para referir as inter-relações das forças históricas opostas, sendo assim importante para a pré-história do marxismo. Para além disso, a terminologia filosófica alemã pode impressionar bastante, quando usada convenientemente (v. glossário). O mesmo se pode dizer, mais ou menos, de Schopenhauer.

Nietzsche (1844-1900) era um excêntrico, sendo por isso o assunto ideal para as vernissages. As opiniões contemporâneas têm tendência para o classificar juntamente com Wagner como um proto-fascista; ele era sem dúvida alguma anti-semita, mas na Prússia do século XIX toda a gente o era. Ele achava que Deus estava morto, ou pelos menos de férias, e odiava fanaticamente as mulheres, apesar de ser duvidoso se ele chegou realmente a conhecer alguma.

Avançou também a doutrina do Eterno Retorno, de acordo com o qual tudo acontece repetidamente, uma e outra vez, exactamente da mesma maneira. Ele achava que isto era reconfortante, mas na verdade condena-nos a uma eternidade de um tédio repetitivo, ou, alternativamente, se cada retorno for precisamente igual a todos os outros de maneira a que nenhum contenha memórias de nenhum outro, não faz qualquer diferença. Nietzsche ficou definitivamente louco em 1888 (algumas pessoas diriam que já estava louco há muito mais tempo) e começou a escrever livros com capítulos intitulados Por Que Sou Tão Esperto, e Por Que Escrevo Livros Tão Bons.

Entre os não alemães do século XIX, deve mencionar Kierkegaard, mais que não seja para mostrar que sabe pronunciar o nome: «Quírquegôr». O filósofo francês mais notável deste período foi Henri Bergson. Era um Vitalista, acreditando portanto que o que distinguia a matéria animada da inanimada era a presença na primeira de um misterioso Élan Vital, uma força misteriosa e indefinível que por alguma razão desaparece do corpo humano na adolescência. Conseguiu também, o que é notável, escrever um longo livro sobre o riso que não contém uma única boa piada. O que nos conduz aos americanos.

A contribuição originalmente americana para a filosofia foi o pragmatismo, que não é, como na política, uma designação alternativa para uma rejeição esfarrapada e indulgente de quaisquer princípios, mas antes a crença de que a verdade e a falsidade não são absolutas mas sim uma questão de convenção, ou que, como alguns filósofos modernos gostam de dizer, «estão em aberto.» Pensando melhor, talvez o pragmatismo tenha afinal qualquer coisa a ver com a política. Esta ideia foi defendida por William James e John Dewey. Se citar estes nomes, não se esqueça que James era irmão do romancista Henry James.

Isto conduz-nos ao fim da secção histórica desta exposição: os filósofos do século XX serão tratados numa outra secção (e com um bocado mais de cuidado, uma vez que muitos deles ainda estão vivos, podendo portanto vir a processar-me).


AS MORTES DOS FILÓSOFOS

Acabámos portanto a vida dos filósofos. Segundo os epicuristas, a morte nada é para nós — mas apesar da opinião deles, incluímos a seguinte lista de mortes filosóficas bizarras, para efeitos de completude.

Há duas tradições no que respeita à morte de Empédocles. De acordo com uma delas, ele morreu de uma perna partida; mas a outra defende que ele saltou para a cratera do Monte Etna para provar assim que era um deus. Não se sabe como poderia isto constituir tal prova.

Heraclito, contudo, contraiu hidropisia em resultado de viver de erva e de outras plantas numa encosta de uma montanha, numa veneta misantrópica. Ao ser informado pelos médicos que o seu estado não tinha cura, tomou o tratamento a seu cargo, obrigando-se a ser coberto da cabeça aos pés com estrume, sendo depois deixado na rua (ou talvez tivesse acontecido apenas que ninguém o queria em casa). Segundo o historiador Diógenes Laércio, «ele não conseguiu tirar o estrume, e, estando assim irreconhecível, foi devorado pelos cães». Talvez os cães não o tivessem devorado se soubessem quem era.

Nunca mencione a morte de Sócrates com cicuta numa cela ateniense; mas se tiver a infelicidade de alguém lho mencionar, tente fazer notar que a descrição da sua morte no Fédon de Platão é completamente inconsistente com os efeitos conhecidos da cicuta: por isso, alguém estava a mentir.

Pitágoras foi uma vítima do seu próprio vegetarianismo extremo. Ao ser perseguido por vários clientes insatisfeitos, chegou a um campo de feijão, e, para não o pisar, ficou onde estava, acabando assim por ser morto.

Crínis, o estóico (uma escola famosa pela sua atitude imperturbável e indiferente em relação aos aspectos terrenos) morreu de medo com um guincho de um rato. A filosofia estóica nunca conseguiu recuperar completamente deste revés.

Crisipo, o estóico, por outro lado, morreu a rir de uma das suas terríveis anedotas. Um macaco de uma velha, assim reza a história, comeu uma vez uma grande quantidade dos figos de Crisipo, após o que este lhe ofereceu o seu odre, dizendo «É melhor ele dar um golo para acompanhar os figos», após o que desatou às gargalhadas. Depois morreu. Com um sentido de humor assim, não temos de nos sentir culpados se pensarmos que foi uma sorte nenhum dos seus 700 livros ter sobrevivido.

Diógenes terá morrido de uma das seguintes três maneiras:

1) Porque não se deu ao trabalho de respirar.

2) Devido a uma grave indigestão em resultado de comer polvo cru.

3) Por ter sido mordido no pé ao dar polvo cru aos seus cães.

Depois do período antigo a qualidade das mortes filosóficas decaiu consideravelmente, apesar de valer talvez a pena registar que Tomás de Aquino morreu na retrete, tal como já tinha acontecido a Epicuro. Francis Bacon morreu em resultado de uma pneumonia que apanhou quando tentava congelar uma galinha na neve, em Hampstead Heath. É talvez o único homem que morreu em resultado de uma investigação relacionada com a comida, e não por a ter efectivamente comido.

Finalmente, Descartes teve a pouca sorte de morrer por se levantar demasiado cedo. Atraído pela corte da Rainha Cristina da Suécia, descobriu para seu horror que ela queria ter explicações diárias e que a única hora que tinha livre era às cinco da manhã. O choque matou-o.

Autoria: Leonardo Yuri Piovesan
Etimologia

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio.

Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filosofo: o que ama a sabedoria tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim a filosofia indica um estado de espírito o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Pitágoras de Samos teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. “Quem quiser ser filosofo necessitara infantilizar-se, transformar-se em menino”. (M. Garcia Morente).


Filosofia

Filosofia (do grego Φιλοσοφία: philia - amor, amizade + sophia - sabedoria) modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão de idéias (ou visões de mundo) em uma situação geral, abstrata ou fundamental. Originou-se da inquietação gerada pela curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações comumente aceitas sobre a sua própria realidade. As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento.

Estas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por uma determinado grupo ou determinada relação humana.

A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto na ampliação, quanto no questionamento de tais conhecimentos.

Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências". Didaticamente, a Filosofia divide-se em:

* Lógica: trata da preservação da verdade e dos modos de se evitar a inferência e raciocínio inválidos.

* Metafísica ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada.

* Epistemologia ou teoria do conhecimento: trata da crença, da justificação e do conhecimento.

* Ética: trata do certo e do errado, do bem e do mal.

* Filosofia da Arte ou Estética: trata do belo.

resolução das atividades sobre colonização

Resolução:

01. C 02. C 03. A 04. C
05. D 06. C 07. C 08. B
09. A 10. D

atividades colonização

Questões:01. (UFAL) Ao contrário dos portugueses, que buscavam atingir as Índias contornando a costa africana, Colombo:

a) concentrou suas navegações na parte Norte da América, em busca de uma passagem ao Noroeste para o continente asiático;
b) dirigiu-se para o Oeste em busca da passagem Sudeste para o continente asiático;
c) planejou atingir o Leste, onde se encontravam as Índias, viajando no sentido Oeste;
d) Navegou pelo Oceano Atlântico em direção ao Canal da Mancha e Mar do Norte, seguindo as instruções do Rei de Portugal;
e) concentrou suas navegações na parte Leste, em busca de uma passagem Noroeste para as Índias.


02. (UNIP)
"... Diziam os mareantes, que depois desse cabo não há nem gente nem povoado algum; a terra não é menos arenosa que os desertos da Líbia, onde não há água, nem árvores, nem erva verde; e o mar é tão baixo, que a uma légua da terra não há fundo mais que uma braça."

O texto faz referência à época:

a) das Grandes Navegações no início da Idade Média;
b) da Revolução Industrial na Idade Contemporânea;
c) do expansionismo marítimo lusitano;
d) das navegações fenícias;
e) do neocolonialismo.


03. A esquadra enviada por D. Manuel, rei de Portugal, às Índias, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, tinha como objetivo:

a) estabelecer uma sólida relação comercial e política com os povos do Oriente;
b) procurar outro caminho que conduzisse ao Oriente sem utilizar o Mediterrâneo;
c) combater a pirataria nas Colônias portuguesas na costa oeste da África;
d) confirmar a existência de minas de metais preciosos no sul da Ásia;
e) verificar as possibilidades de exploração de mão-de-obra escrava.


04. Associe corretamente:

(A) Caboto I. Dinastia que iniciou as navegações francesas.
(B) Valois II. A serviço da Inglaterra, atingiu a região do Labrador.
(C) Francis Drake III. Fundador da Nova França.
(D) Walter Raleig IV. Realizou a segunda viagem de circunavegação.
(E) Jacques Cartier V. Criador da colônia da Virgínia.

a) A - I; B - III; C - IV; D - V; E - II
b) A - IV; B - II; C - III; D - V; E - I
c) A - II; B - I; C - IV; D - V; E - III
d) A - V; B - IV; C - II; D - III; E - I;
e) A - IV; B - V; C - II; D - I; E - III


05. (UNIFENAS) Destaca-se como resultado das descobertas e da expansão luso-espanhola nos tempos modernos a:

a) diminuição do comércio entre Europa e Novo Mundo, com a hegemonia do mar Mediterrâneo;
b) formação de novos impérios na África e na Ásia, com a ampliação do comércio entre os dois continentes;
c) defesa das culturas nativas das Américas pelo Clero e pelo Estado;
d) abertura de uma nova era de navegação e comércio, não mais concentrada no Mediterrâneo e sim no Oceano Atlântico;
e) preservação da autonomia política das nações conquistadas, a exemplo do México e do Peru.


06. "O apoio financeiro da classe mercantil foi decisivo para o sucesso do movimento revolucionário, que faz surgir um novo Estado Nacional, mais forte e mais centralizado, e eminentemente mercantilista."

O movimento revolucionário mencionado no texto e referente à História de Portugal está ligado:

a) à Reconquista cristã do território português aos árabes;
b) à atuação de Afonso Henrique de Borgonha, fundador do Reino de Portugal;
c) à ascensão do Mestre de Avis ao trono português;
d) à dominação dos Felipes sobre Portugal;
e) à Restauração Portuguesa, que marca o fim da dominação espanhola.


07. Sobre as Navegações e os Descobrimentos, assinale a alternativa falsa:

a) Com os Descobrimentos, o eixo-econômico transferiu-se do Mediterrâneo para o Atlântico.
b) O Canadá foi explorado principalmente pelos franceses.
c) O que melhor explica o pioneirismo luso nas navegações é a posição geográfica de Portugal.
d) A Espanha retardou a sua participação na Expansão Marítima porque estava ainda em luta com os mouros e em processo de unificação política.
e) A primeira viagem de circunavegação foi realizada pelo português Fernão de Magalhães.


08. Entre as principais conseqüências da Expansão Marítima, encontramos, exceto:

a) o descobrimento de metais preciosos no Novo Mundo e a aceleração da acumulação capitalista;
b) a descoberta de novos mercados, fornecedores de matérias-primas e consumidores de produtos industrializados;
c) a mudança do eixo econômico europeu, do mar Mediterrâneo para os oceanos Atlântico e Índico;
d) a formação dos impérios coloniais, vinculados ao Sistema Colonial Tradicional e ao processo de europeização do mundo;
e) o renascimento da escravidão em bases capitalistas e o desenvolvimento do mercantilismo.


09. (FGV) Com relação aos indígenas brasileiros, pode-se afirmar que:

a) os primitivos habitantes do Brasil viviam na etapa paleolítica do desenvolvimento humano;
b) os índios brasileiros não aceitaram trabalhar para os colonizadores portugueses na agricultura não
por preguiça, e sim porque não conheciam a agricultura;
c) os índios brasileiros falavam todos a mesma "língua geral" tupi-guarani;
d) os tupis do litoral não precisavam conhecer a agricultura porque tinham pesca abundante e muitos frutos do mar de conchas, que formavam os "sambaquis";
e) os índios brasileiros, como um todo, não tinham homogeneidade nas suas variadas culturas e nações.


10. Os povos pré-colombianos, maias, astecas e incas, já apresentavam uma notável organização. O estágio de desenvolvimento em que se encontravam era:

a) a selvageria
b) a barbárie
c) a transição de selvagem para barbárie
d) a civilização
e) o Paleolítico
A África, um imenso continente onde vivem atualmente cerca de 780 milhões de pessoas e onde existem 53 países independentes, apresenta grande diversidade étnica, cultural e política. Se comparado com outros, do ponto de vista da economia, o continente africano é o mais pobre de todos. Entretanto, como é o continente dos contrastes, existem alguns poucos países que possuem um padrão de vida razoável, pois são industrializados e contam com enormes riquezas minerais, que deveriam ser melhor utilizadas afim de se obter uma distribuição de renda mais justa.

Principais países africanos:

AFRICA DO SUL: é o país que, pelo seu tamanho, possui a maior concentração mundial de riquezas minerais: ouro e diamantes, carvão, antimônio, minérios de ferro e manganês, urânio, platina, cromo, vanádio, titânio, etc. Apenas a Rússia, os Estados Unidos, a China, o Canadá, o Brasil e a Austrália, possuem maior quantidade de riquezas minerais que a África do Sul. É o país mais industrializado de todo o continente e devido sua localização geográfica estratégica (situado na parte mais afunilada da África, entre os oceanos Atlântico (a oeste) e Índico (a leste), possui enorme importância militar e econômica.

EGITO: possui a segunda maior economia do continente africano, atrás somente da África do Sul. Exerce uma forte liderança no plano político, isso porque se tornou independente bem antes dos outros países africanos. É ele quem controla o Canal de Suez, esse separa a África da Ásia.O lucro obtido no canal vem do pedágio cobrado. O cultivo de algodão e a indústria têxtil também são enormes fontes de riqueza. E é o único país que possui terras nesses dois continentes. É o mais populoso Estado Árabe e conta com uma exportação de petróleo significativa. O turismo no Egito já foi mais procurado ,porém, esse foi seriamente afetado pelos terroristas.

ARGÉLIA E LÍBIA: são dois países árabes exportadores de petróleo. Assim como o Iraque (localizado no Oriente Médio), possuem governos fortemente autoritários e antiocidentais, que constantemente criticam os Estados Unidos e a Europa ocidental, considerados os grandes responsáveis por quase todos os problemas do mundo.

NIGÉRIA: possui a maior população do continente e exporta petróleo. É o país mais industrializado da África ocidental e o segundo da África subsaariana, ficando atrás somente da África do Sul. Conta com algumas filiais de empresas estrangeiras (de automóveis, alimentos, bebidas e de óleo de algodão), que aí se instalaram devido à mão-de-obra barata e às facilidades para exportação.
Origem do nome do continente africano: África Deriva de avringa ou afri, tribo berbere que na Antiguidade habitava o norte do continente. Começa a ser usado pelos romanos a partir da conquista de Cartago para designar províncias a noroeste do Mediterrâneo africano (atuais Tunísia e Argélia). No século XVI, com o avanço dos europeus para o sul, o nome generaliza-se para todo o continente.
Limites – Paralelo 37º norte (cabo Bon na Tunísia); mar Mediterrâneo (N); mar Vermelho (NE); oceano Índico (L) e Paralelo 38º8' sul no oceano Atlântico (S, O e NO).
Área – 30,33 milhões de km² – 19% das terras emersas do planeta.
Divisão – 53 países.
População – 681,7 milhões de habitantes. Densidade média (hab./km²): 22,47.
Características Físicas do Continente Africano
É cortado pelo Equador e 75% do território situa-se entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. É o continente mais tropical, embora possua faixas subtropicais nas extremidades norte e sul. Predominam altas temperaturas. Um terço do território é de áreas desérticas, 40% não têm rios. As terras aráveis somam 17,8% e as florestas, 31,5%. Detém 69% das terras áridas do planeta. O litoral é pouco recortado. As planícies são ocupadas por lagunas e pântanos. Apresenta cadeias de montanhas ao norte, os Atlas, na Tunísia, Argélia e Marrocos.
Relevo - O relevo Africano predominante planáltico apresenta considerável altitude média de 750m.Ocupa as regiões central e ocidental, em sua quase totalidade, planaltos intensamente erodidos, constituídos por rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamentos. Ao longo do litoral, situam - se as planícies costeiras, geralmente estreitas , salvo a oeste e nordeste, quando se estendem para o interior .Na porção oriental da África encontra-se uma de suas características físicas mais marcantes: falha geológica estendendo-se de norte a sul, em que se sucedem planaltos e depressões relativas.É nessa região que se localizam os maiores lagos do continente, circundados por algumas das mais altas montanhas: Quilinmanjaro (5 895 metros), Quênia (5199 metros) e Ruvenzori (5 109 metros).
Podemos destacar ainda dois grandes conjuntos de terras altas, um no norte, outro no sul, do continente:
- a Cadeia dos Atlas, que ocupa a região sentrional do Marrocos, da Argéria e da Tunísia. Chegam atingir mais de 4 000 metros de altura;
- a Cadeia do Cabo, na África do Sul. É de formação antiga, culminando nos Montes Drakensberg com mais de 3 400 metros de altura.
Completando uma visão do relevo africano, é possível observar ainda a existência de antigos maciços montanhosos em diferentes pontos do continente.
O planalto dos Grandes Lagos assinala o início da inclinação do relevo africano.
Hidrografia - Tendo suas regiões norte e sul praticamente tomadas por desertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles são muito extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérticas, tornando a vida possível ao longo de suas margens.
A maior importância cabe ao Rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no Mediterrâneo.
Além do Nilo, outros rios importantes para a África possui alguns são o Congo, o Niger eo Zambeze.
No que se refere aos lagos, a África possui alguns muitos extensos e profundos, a maioria situada no leste do continente, como o Vitória, o Niassa, o Rodolfo e o Tanganica.
Vegetação - Florestas equatoriais – Ocorrem nas baixas latitudes, compreendendo a parte centro-ocidental da África. Como estão em áreas quentes e úmidas, possuem folhas largas (latifoliadas) e sempre verdes (perenes). As árvores podem ter até 60 m (castanheira). Apresentam grande variedade de espécies (floresta heterogênea). Os solos em geral são pobres. São conhecidas como autofágicas (que se alimentam de si mesmas) em função da grande quantidade de húmus proveniente das folhas, galhos e troncos.
Savanas ou cerrados – Aparecem na faixa intertropical em locais onde ocorre uma estação seca (inverno), impedindo o aparecimento de florestas. São formações vegetais encontradas na larga faixa do centro da África, litoral da Índia. Têm plantas rasteiras (herbáceas), intercaladas por árvores de pequeno porte. No período de seca, as folhas caem para evitar a evaporação. No Brasil são chamadas de cerrado e na África, de savana.
Desertos – Nas áreas desérticas, como no Saara, Kalaari, Arábia e Irã, não há vegetação permanente. Em alguns locais, surge uma "erva rasteira" após as chuvas. Nas regiões onde aflora o lençol freático (lençol subterrâneo de água) podem surgir oásis, com palmeiras (tamareiras).
Quadro Humano do Continente Africano
Pequena população relativa e distribuição irregular - Apesar de ser o terceiro continente em extensão territorial, a África é relativamente pouco povoada. Abriga pouco mais de 600 milhões de habitantes e uma densidade demográfica de 20 habitantes por quilômetro quadrado.
Essa pequena ocupação demográfica encontra explicações nos seguintes fatores:
- grande parte do continente é ocupada por áreas desfavoráveis a concentrações humanas;
- os índices de mortalidade são muitos altos;
- a África é um continente que recebeu poucas correntes migratórias.
A população africana caracteriza-se também pela distribuição irregular. O Vale do Nilo, por exemplo, possui densidade demográfica de 500 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto os desertos e as florestas são praticamente despovoados.
A quase totalidade dos países africanos exibe características típicas de subdesenvolvimento: elevadas taxas de natalidade e de mortalidade, bem como expectativa de vida muito baixa. Resulta desses fatores a preponderância de jovens na população, que, além apresentarem menor produtividade , requisitam grandes investimentos em educação e nível de emprego.
Maioria negra e diversos grupos brancos - A maior parte da população africana constituída por diferentes povos negros, mas é expressiva quantidade de brancos, que vivem principalmente na porção setentriorial de continente, ao norte do Deserto do Saara.
sudaneses: em sua maior parte habitam as savanas que se estendem do Atlântico ao vale superior do Rio Nilo. Vivem basicamente do agricultura ;
bantos: habitam a metade do sul do continente e têm como atividades principais a criação gado e a caça;
nilóticos: são encontrados na região do Alto do Nilo e caracterizam-se pela estatura elevada;
pigmeus: de pequena estatura, vivem principalmente na selva do Congo e em seus arredores, onde baseiam sua subsistência na caça e na coleta de raízes;
bosquimanos e hotentotes: habitam a região do Deserto de Calaari, distinguem-se como grandes caçadores de antílopes e avestruzes.
Em correspondência com os três diferentes ramos étinico-culturais, encontram-se na África três regiões principais: o islamismo, que se manifesta sobretudo na África Branca, mas é também professado por numerosos povos negros; o cristianismo, religião levada por missionários e professada em pontos esparsos da continente; o animismo, seguindo por toda África Negra.
Um continente de famintos - Adversidades climáticas somente ampliam a miséria de milhares de africanos, que vivem abaixo das condições mínimas de sobrevivência.
Com a agricultura extensiva, matas são derrubadas e em seus limites o deserto avança.
Outro problema é o descompasso existente entre o enorme crescimento populacional eo reduzido crescimento populacional e o reduzido crescimento, ou mesmo estagnação, da agropecuária.
Conflitos de um continente mal dividido - A atual divisão política da África somente se configurou nas décadas de 60 e 70. Durante séculos, o continente foi explorado pelas potências européias - Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Bélgica, Itália e Alemanha, em zonas de influencia adequadas aos seus interesses. Ao conseguirem a independência, os países africanos tiveram de se moldar às fronteiras legadas pelos colonizadores. Estas, por um lado, separavam de modo artificial grupos humanos pertences às mesmas tribos, falantes dos mesmos dialetos e praticantes dos mesmos dialetos e praticantes dos mesmos costumes, submetia-os, por outro lado, à influencia de valores europeus.
A segregação racial assumiu formas rígidas e violentadas: bairros, meios de transporte, casa de comércios, igrejas etc. eram reservados para uso dos negros. as leis do aparheid - segregação racial institucionalizada - proibiam que os negros se candidatassem a cargos políticos, que concorressem com os brancos a um emprego, que freqüentassem quaisquer ambientes que não lhes fossem expressamente destinados.
Regiões Geográficas do Continente Africano
Norte da África - Abrangendo Egito, Líbia, Argélia, Tunísia e Marrocos, a região é fonte de preocupação para a Europa em virtude do crescente fluxo migratório desses países, em especial para a França e Alemanha. Durante as décadas de expansão econômica de 70 e 80 esse fluxo é bem recebido por facilitar a substituição dos trabalhadores europeus, mais qualificados e mais caros, por trabalhadores imigrantes nos serviços pesados e insalubres. A recessão do final dos anos 80 e a rápida elevação do desemprego tecnológico invertem a situação, já que os imigrantes passam a disputar vagas de trabalho com os trabalhadores europeus. Crescentes medidas restritivas são adotadas pelos países europeus para deter as migrações, agravando os problemas econômicos e sociais do norte da África.
África Meridional - As mudanças ocorridas na África do Sul e as possibilidades de pacificação de Angola e Moçambique geram ações unificadas entre os países da região para integrarem seus mercados e enfrentar em melhores condições a competitividade do mercado internacional.
África do Sul - As eleições multirraciais e multipartidárias de 1994, com a eleição de Nelson Mandela para presidente, abrem um novo capítulo na história do país, extinguindo totalmente a política do apartheid e estabelecendo direitos de cidadania para a maioria negra da população. O sistema de governo adotado, no qual todos os partidos com representação no Parlamento também estão representados no governo, necessita de um período de tempo para comprovar sua viabilidade. As tendências separatistas dos zulus e dos direitistas brancos permanecem presentes, embora a situação econômica tenha melhorado com o fim do bloqueio econômico e a retomada do fluxo de investimentos.
Autoria: Marcio Moreira

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A luta de classes

Pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da história, mas também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do processo histórico. Haveria, segundo a concepção marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O Manifesto Comunista:

A história de toda sociedade passado é a história da luta de classes.

Classes essas que, para Engels são "os produtos das relações econômicas de sua época". Assim apesar das diversidades aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam essencialmente etapas sucessivas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica. Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as idéias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. Marx queria a inversão da pirâmide social, ou seja, pondo no poder a maioria, os proletários, que seria a única força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir uma nova sociedade, socialista.

Para Marx os trabalhadores estariam dominados pela ideologia da classe dominante, ou seja, as idéias que eles têm do mundo e da sociedade seriam as mesmas idéias que a burguesia espalha. O capitalismo seria atingido por crises econômicas porque ele se tornou o impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. Seria um absurdo que a humanidade inteira se dedica-se a trabalhar e a produzir subordinada a um punhado de grandes empresários. A economia do futuro que associaria todos os homens e povos do planeta, só poderia ser uma produção controlada por todos os homens e povos. Para Marx, quanto mais o mundo se unifica economicamente mais ele necessita de socialismo.

Não basta existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O que é decisivo são as ações das classes sociais que, para Marx e Engels, em todas as sociedades em que a propriedade é privada existem lutas de classes (senhores x escravos, nobres feudais x servos, burgueses x proletariados). A luta do proletariado do capitalismo não deveria se limitar à luta dos sindicatos por melhores salários e condições de vida. Ela deveria também ser a luta ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos trabalhadores e assumido como luta política pela tomada do poder. Neste campo, o proletariado deveria contar com uma arma fundamental, o partido político, o partido político revolucionário que tivesse uma estrutura democrática e que buscasse educar os trabalhadores e levá-los a se organizar para tomar o poder por meio de uma revolução socialista.

Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa ficar rica e ampliar sua fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o seu patrão do que o seu próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema.

A força vendida pelo operário ao patrão vai ser utilizada não durante 6 horas, mas durante 8, 10, 12 ou mais horas. A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele vende o resultado (10 horas por exemplo). Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. No capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada de trabalho, o lucro empresarial seria sustentado através do que se denomina mais-valia relativa (em oposição à primeira forma, chamada mais-valia absoluta), que consiste em aumentar a produtividade do trabalho, através da racionalização e aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não deixa de ser o sistema semi-escravista, pois "o operário cada vez se empobrece mais quando produz mais riquezas", o que faz com que ele "se torne uma mercadoria mais vil do que as mercadorias por ele criadas". Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de objetificação. Por isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Em outras palavras, a produção representa uma negação, já que o objeto se opõe ao sujeito e o nega na medida em que o pressupõe e até o define. A apropriação do valor incorporado ao objeto graças à força de trabalho do sujeito-produtor, promove a negação da negação. Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a desalienação. Ou seja, a partir do momento que o sujeito-produtor dá valor ao que produziu, ele já não está mais alienado.

Autoria: João Paulo Ribeiro

Filosofia

Todos nós somos filósofos, uma vez que pensamos, indagamos, criticamos, tentamos respostas e soluções e esbarramos em dúvidas e incertezas, buscando a sabedoria e a verdade.

A filosofia é imprescindível na formação do cidadão pois todos precisam de uma reflexão filosófica para o aumento da consciência crítica e para a participação na comunidade em que pertence.



Definição

A Filosofia é o princípio de todo o saber, o fundamento de qualquer conhecimento. É através dela que as Ciências e as Artes garantem sua fundamentação e confiabilidade. Então, o trabalho da das ciências e das artes pressupõem, como condição, o trabalho da filosofia, mesmo que os cientistas e artistas não sejam filósofos.

A Filosofia não é uma construção arbitrária de um pensador isolado. É um somatório lento e progressivo de todas as civilizações e culturas, do que elas têm de mais apurado, de mais escolhido, de mais seleto, nos domínios das do pensamento abstrato e nos campos de todas as ciências e artes.

Ela tem a tarefa criadora de nos levar a uma posição esclarecida perante a vida e o mundo e a um relacionamento compreensivo com o homem e a sociedade.

Filosofia é a busca incessante da sabedoria, baseada na verdade e na consciência do respeito por si mesmo e pelos outros. É um projeto de transformação pessoal, movido pelo sendo crítico do homem.

A busca da sabedoria e da verdade é também a busca da perfeição, do equilíbrio e da harmonia.

A sabedoria é contínua e individual e tem como princípio uma virtude rara e difícil, a humildade, que levará a verdade e nos libertará.



Contexto histórico

A Filosofia não só tem uma história, mas consiste nesta própria história.

Se pretendesse definí-la, se verificaria que a definição jamais poderia compreender ou abranger todo o definido, que por ser um processo que transcorre no tempo, mostra-se refratário a qualquer tentativa de imobilização no seu conceito.

A filosofia apresenta características particulares que corresponde às estruturas econômicas, políticas e sociais do momento histórico.

A filosofia é histórica não só porque os problemas pelos quais reflete lhe são apresentados pela história, mas porque essa própria reflexão exerce dentro do tepo e sobre ele exerce influência. O filósofo pensa no interior da própria história quando conclui a construção do seu sistema ou elaboração de sua doutrina.

As diversas doutrinas constituem momentos sucessivos e abrangentes de um processo único: com todas as conquistas filosóficas o homem não pára de abordar temas e problemas que sempre preocuparam o espírito humano. As diversas filosofias nas diferentes épocas apresentam características comuns do pensamento humano. É uma sequência inexorável de um processo que implica os momentos anteriores e torna possível pensar os momentos subsequentes.



Atitudes Filosóficas

"Não se pode aprender filosofia. O que se pode aprender é pensar filosoficamente."

A indagação e a atitude filosófica são inerentes à natureza humana.

Por sua natureza intríseca, induzido e conduzido por razões imanentes, como a dúvida, a incerteza e o desespero, o homem não consegue eximir-se de atitudes filosóficas, ou seja, interroga-se sobre si mesmo e sobre o sentido de sua existência.

Em crise existencial ou na euforia da vida, alguém que comece a indagar sobre o porquê da própria vida, estaria começando a filosofar, isto é, tendo uma atitude filosófica.

A atitude filosófica nos mergulha num mundo espetacular, terrível e fantástico ao mesmo tempo: a busca da sabedoria e da verdade.

Uma iniciação à Filosofia visa despertar uma atitude crítica e de avaliação, para chegar a uma consciência mais clara e respeitável quando tiver que optar entre uma multidão de possibilidades.

Aquele que começa a iniciar-se na filosofia já não pode encarar os problemas do homem e seu mundo com uma atitude simplista de aceitação ou negação. Ele assume a responsabilidade de ir além das aparências, a fim descobrir as intenções que levam ao questionamento e mudar a realidade pelo fato de interpretá-la.

A atitude filosófica empenha-se em conhecer o mundo para transformálo afim de restaurar a harmonia e a unidade no pensamento e na própria realidade da existência humana.

Quando acompanhamos todas as reflexões com a própria razão, acionamos as potencialidades do entender, do assimilar e do integrar em nós mesmos tudo o que emanou da dúvida, admiração, certeza, estamos diante de uma atitude filosófica.

Ter uma atitude filosófica quer dizer que estamos utilizando o raciocínio fundamentado e lógico, tendo uma visão crítica e adulta da realidade e convicções sustentadas.



Essência e abrangência da Filosofia

A filosofia busca o saber absoluto, as causas últimas de todas as coisas, a essência do ser, a realidade total e absoluta.

Em todos os tempos a filosofia tenta interpretar o mundo e entender e transformar o homem

(a procura da verdade) , isto significa que todo tema importante é assunto de preocupação filosófica.

A filosofia estuda tudo e é o fundamento de qualquer conhecimento. Ela estuda o valor do conhecimento, quer como pesquisa sobre o fim do homem, quer como estudo da linguagem, do ser, da história, da arte, da cultura, da política, da ética, etc. Representa o esforço da razão teórica em conhecer o real (o ser), e a razão prática em transformá-lo.

Procurando a verdade, ela engloba todas as coisas como objeto de indagação filosófica: o homem, os animais, o mundo, o universo, o esporte, a religião, Deus.

A filosofia estudará sempre tudo e não se esgotará jamais, pois é um processo em desenvolvimento.

Os filósofos estudam por duas razões:

* Porque todas as coisas podem ser examinadas no nível científico e no filosófico.

* Porque a filosofia estuda o todo, a totalidade, o universo formado globalmente. Ela se atém ao princípio da validade universal. Sendo fruto dos princípios filosóficos, todas as definições de qualquer ciência, de qualquer conhecimento.

Autoria: Nayara Alcântara Fauvel

A mulher na Idade Média

A participação e o lugar da mulher na História foram negligenciados pelos historiadores por muito tempo. Elas ficaram à sombra de um mundo dominado pelo gênero masculino. Ao pensarmos o mundo medieval e o papel desta mulher, esse quadro de exclusão se agrava ainda mais, pois alem do silêncio que encontramos nas fontes, os textos que muito raramente tratam o mundo feminino estão impregnados pela aversão dos religiosos da época por elas.

Na Idade Média, a maioria das idéias e de conceitos eram elaborados pelos Escolásticos. Tudo o que sabemos sobre as mulheres deste período saiu das mãos de homens da Igreja, pessoas que deveriam viver completamente longe delas. Muitos clérigos consideravam-nas misteriosas, não compreendiam, por exemplo, como elas geravam a vida e curavam doenças utilizando ervas.

A mulher para os clérigos era considerada um ser muito próximo da carne e dos sentidos e, por isso, uma pecadora em potencial. Afinal, todas elas descendiam de Eva, a culpada pela queda do gênero humano. No inicio da Idade Média, a principal preocupação com as mulheres era mantê-las virgens e afastar os clérigos desses seres demoníacos que personificaram a tentação. Dessa forma, a maior parte das autoridades eclesiásticas desse período via a mulher como portadora e disseminadora do mal. Isso as tornava má por natureza e atraída pelo vício.

A partir do século XI com a instituição do casamento pela Igreja, a maternidade e o papel da boa esposa passaram a serem exaltados. Criou-se uma forma de salvação feminina a partir basicamente de três modelos femininos: Eva (a pecadora), Maria (o modelo de perfeição e santidade) e Maria Madalena (a pecadora arrependida).

O matrimonio vinha para saciar e controlar as pulsões femininas. No casamento a mulher estaria restrita a um só parceiro, que tinha a função de dominá-la, de educá-la e de fazer com que tivesse uma vida pura e casta.

Eram consideradas como a causa e objeto do pecado, era portadora de entrada para o demônio. Só não eram consideradas objetos do pecado quando eram virgens, mães ou esposas, ou quando viviam no convento. Quando eram esposas não podiam vender nem hipotecar seus bens sem a autoridade e consentimento do seu marido.

As camponesas trabalhavam muito: cuidavam das crianças, fiavam a lã, teciam e ajudavam a cultivar as terras. As mulheres com um nível social mais alto tinham uma rotina igualmente atribulada, pois administravam a gleba familiar quando seus maridos estavam fora, em luta contra os visinhos ou em cruzadas à Terra Santa. Atendimento aos doentes, educação as crianças também eram tarefas femininas.

Essa falta de conhecimento da natureza feminina causava medo aos homens. Os religiosos se apoiavam no Pecado Original de Eva para ligá-la à corporeidade e inferiorizá-la. Isso porque, conforme o texto bíblico, Eva foi criada da costela de Adão, sendo, por isso, dominada pelos sentidos e os desejos da carne. Devido a essa visão, acreditava-se que ela foi criada coma única função de procriar.

Na idéia do Pecado Original encontramos uma outra característica criticada nas mulheres pelos clérigos, a tagarelice. Afinal foi por um pedido de Eva que Adão aceitou o fruto proibido, e pó isso, foi considerada uma enganadora.

Maria foi à redentora de Eva, que veio ao mundo com a missão de liberar Eva da maldição da Queda. Desenvolveu-se então a idéia de Maria era a mãe da humanidade, de todos os homens e mulheres que viviam na graça de Deus, enquanto Eva era a mãe de todos que morrem pela natureza. O culto a Maria se baseava em quatro pilares: a maternidade divina, a virgindade, a imaculada concepção e a assunção.

Por isso, as mulheres eram encorajadas a se manterem castas até o casamento, se a sua opção de vida fosse o matrimônio. Porém, a melhor forma de seguir o exemplo de Maria era permanecer virgem e tornar-se esposa de Cristo, com base na idéia recorrente de que Maria era “irmã, esposa e serva do Senhor”. Eva simbolizava as mulheres reais, e Maria um ideal de santidade que deveria ser seguido por todas as mulheres para alcançar a graça divina, caminho para a salvação.

Mas como Maria era um ideal a ser seguido, inatingível pelas mulheres comuns, surge à figura de Maria Madalena, a pecadora arrependida, demonstrando que a salvação é possível para todos que abandonam uma vida cheia de pecados. Com essa imagem de mulher pecadora que se arrepende e segue o mestre até o calvário, Maria Madalena veio demonstrar que todos os pecadores são capazes de chegar a Deus.

A partir daí foi concebido as mulheres, assim como a pecadora o direito ao arrependimento, demonstrado pela prostração, humilhação e lagrimas, em oposição à tagarelice de Eva, que levou toda a humanidade ao pecado. Por isso, a pregação feminina deveria ser sem palavras, feita apenas pela mortificação corporal.

Todo este antí-feminismo tinha como objetivos básicos: afastar os clérigos das mulheres, institucionalizar o casamento e a moral cristã, moldada através da criação de um segundo modelo feminino a Virgem Maria.

Os três modelos difundidos por toda a Idade Média (Eva, Maria e Madalena) deixam claro o papel civilizador e moralizador desempenhado pela Igreja Católica ao longo de aproximadamente mil anos de formação da sociedade ocidental.

A própria passagem da visão de corporeidade e danação feminina, pautada no modelo de Eva, vista como aliada do demônio. Esse estado de maldição foi amenizado com o culto à Virgem Maria, que trouxe consigo a reconciliação entre a humanidade e Deus, contudo, essa reconciliação ainda restritiva, pois somente aqueles que vivessem na graça divina alcançariam à salvação. Com Maria Madalena se estende a possibilidade de salvação a todos que tinham caído no erro, mas foram capazes de se arrepender.

Eva concentra em si todos os vícios que trazem símbolos tidos como femininos, como a luxuria, a gula, a sensualidade e a sexualidade. Todos esses atributos apareciam nela como exemplo. E como forma de salvação para a mulher, eles ofereciam a figura de Maria Madalena, a prostituta arrependida mais conhecida e que se submeteu aos homens e a Igreja.

Fica claro assim que não é possível analisar o que as mulheres pensam de si próprias: o que nos foi transmitido pelas fontes são modelos ideais e regras de comportamento que nem sempre são positivos.

Essa concepção de mulher, que foi construída através dos séculos, é anterior mesmo ao cristianismo. Foi assegurada por ele e se deu porque permitiu a manutenção dos homens no poder, fornecia uma segurança baseada na distancia ao clero celibatário, legitimou a submissão da ordem estabelecida pelos homens. Esta construção começou apenas a ruir, mas os alicerces ainda estão bem fincados na nossa sociedade.

Texto escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva Licenciada pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

DUBY, G; PERROT, M (dir). História das mulheres: a Idade Média. Porto; Afrontamento, 1990.

RAMON, Llull. Missoginia e santidade na Baixa Idade Média: os três modelos femininos no livro das maravilhas. Instituto Brasileiro de Filosofia e ciência Raimundo Líilio. 2002.

Autoria: Patrícia Barboza da Silva

Atividades para o 3º ano

Questões:
1. Roma, de simples cidade-estado, transformou-se na capital do país e mais duradouro dos impérios conhecidos. Assinale a alternativa diretamente relacionada com o declínio e queda do império Romano:

a) Triunfo do cristianismo e urbanização do campo.
b) Redução considerável dos tributos e abolição do poder despótico do tipo oriental.
c) Barbarização do exército e crise no modo de produção escravista.
d) Ensino democrático dos estóicos e aumento dos privilégios das classes superiores.
e) Estabilização das fronteiras e crescente oferta de mão-de-obra.


2. O modo de produção asiático foi marcado pela formação de comunidades primitivas caracterizadas pela posse coletiva de terra e organizadas sobre relações de parentesco. Sobre essa estrutura é correto:

a) O Estado controlava o uso dos recursos econômicos essenciais, extraindo uma parcela de trabalho e da produção das comunidades que controlava.

b) Neste sistema verifica-se a passagem da economia de predação para uma economia de produção, quando o homem começa a plantar.

c) O fator condicionante dessa situação foi o meio geográfico, responsável pela pequena produtividade.

d) As relações comunitárias de produção impediram o desenvolvimento do comércio e da mineração na Antiguidade Oriental.

e) Os povos que não vivam próximos aos grandes rios não se desenvolveram e tenderam a desaparecer.


3. As “Guerras Civis” na Roma republicana foram provocadas pela (o):

a) Tentativa de Julio César de tornar-se imperador.
b) Ascensão dos homens novos e militares e marginalização da plebe.
c) Assassinato dos irmãos Graco, dividindo os romanos em dois partidos.
d) Insistência dos cristãos contra a escravidão e o culto ao imperador.
e) Disputa política envolvendo os membros dos dois Triunviratos.


4. Entre os séculos IV e V os pequenos proprietários arruinaram0se e buscaram a proteção dos grandes latifundiários. Surgiu assim o Patrocínio, instituição pela qual, em troca de proteção, um homem livre obrigava-se a cultivar um grande lote de terra para um grande proprietário. Grande parte da mão-de-obra foi recrutada entre os “bárbaros”, que invadiam as fronteiras do Império. O texto retrata:

a) A barbarização do exército e anarquia militar.
b) A principal forma de salvação do Império.
c) A abertura das fronteiras romanas aos povos germânicos.
d) A consolidação do sistema escravista de produção.
e) O surgimento do colonato e das Villae, com economia natural.


5. No decorrer do último século de República em Roma, as conquistas se ampliaram, o exército passou a ser permanente e tornou-se profissional, o que foi fundamental para:

a) A realização das guerras civis, contra os plebeus, impedindo a reforma agrária.
b) Conter as invasões bárbaras que ameaçavam as fronteiras ao norte.
c) Preservar as culturas políticas, limitando as conquistas realizadas pela plebe.
d) A ascensão dos militares ao poder, e conseqüentemente para decadência do Senado.
e) Consolidar as instituições republicanas, impossibilitando o retorno à monarquia.


06. Durante o Baixo Império, o império romano viveu grande decadência, determinada principalmente pela (o):

a) Retração das guerras, responsável pela diminuição do afluxo de riquezas, crise do escravismo e da própria produção.

b) Adesão imperador Constantino ao cristianismo, diminuindo a força do paganismo.

c) Guerra civil envolvendo patrícios e plebeus, determinando a decadência da produção agrícola.

d) Édito do máximo, responsável pela ilimitação da produção agrícola e importação de escravos.

e) Crise do comércio romano pelo Mediterrâneo, dado a ocupação realizada pelos povos bárbaros.


07. (FUVEST) A civilização ocidental contemporânea apresenta traços marcantes que revelam o legado cultural da civilização romana. Indique e comente dois traços.


08. (OSEC) Quanto à história de Roma, pode-se considerar que:

a) Roma conheceu apenas dois regimes políticos: a República e o Império;
b) na passagem da República para o Império, Roma deixou de ser uma democracia e transformou-se numa
oligarquia;
c) os irmãos Tibério e Caio Graco foram dois tribunos da plebe que lutaram pela redistribuição das terras
do Estado (ager publicus) entre todos os cidadãos romanos;
d) no Império Romano, todos os homens livres - os cidadãos - eram proprietários de terras;
e) no Império Romano, a base da economia era o comércio e a indústria.


09. (OSEC) Sobre a ruralização da economia ocorrida durante a crise do Império Romano, podemos afirmar que:

a) foi conseqüência da crise econômica e da insegurança provocada pelas invasões dos bárbaros;
b) foi a causa principal da falta de escravos;
c) proporcionou ao Estado a oportunidade de cobrar mais eficientemente os impostos;
d) incentivou o crescimento do comércio;
e) proporcionou às cidades o aumento de suas riquezas.


10. (PUC) A religião romana assemelhava-se à grega porque ambas:

a) tinham objetivos nitidamente políticos;
b) eram terrenas e práticas, sem conteúdo espiritual e ético;
c) eram apoiadas por uma forte classe sacerdotal;
d) condenavam as injustiças sociais;
e) tinham como centro a crença na vida futura.

A CULTURA E ARTES CHINESA

A CULTURA E ARTES CHINESA
LÍNGUA
Existe na China, uniformidade da escrita. A língua falada pela população han varia, porém, consideravelmente. Existe, naturalmente, uma grande diversidade de idiomas entre as minorias nacionais.
Os tibetanos têm, por exemplo, a sua própria língua e escrita, ao passo que os uighurs, de Xinjiang, falam um idioma próximo do turco. No norte do país fala-se o mandarim, enquanto que no litoral, de Shanghai a Guangzhou, é grande a diversidade de dialetos. Na província de Fujian, apenas, estima-se que sejam falados mais de 100 dialetos. É política do governo promover o mandarim, em sua versão falada em Beijing, como a língua-padrão nacional. Em que pese a esse esforço, a diversidade lingüística ainda permanece como uma das barreiras à plena integração das distintas áreas do país. A diferença o mandarim e a segunda língua mais falada, o cantonês, equivale, por exemplo, àquela que existe entre o português e o francês.
LITERATURA
A brilhante literatura chinesa remonta a épocas antigas e é uma preciosidade cultural. O livro de Ode (Shi Jing), compilado no século VI a. C. é a primeira antologia de poesia chinesa com 305 poemas. Qu Yuan, o primeiro poeta na história literária chinesa escreve uma comprida lírica, Lisao. Durante dinastias antigas, destacam-se várias formas de literatura, como por exemplo, o fu da dinastia Han, a poesias da dinastia Tang, o ci da dinastia Song, o qu da dinastia Yuan, e romances das dinastias Ming e Qing. Tendo regras, formas, sons e rimas rigorosas, os versos da dinastia Tang e ci da dinastia Song foram geralmente compostos por letrados. Os seu representantes foram Li Bai, Du Fu e Bai Juyi.
Durante as dinastias Ming e Qing, surgiu um grande número de romances. O Romance dos Três Reinos, da autoria de Luo Guanzhong, o À beira d´Água, da autoria de Shi Naian, o A Peregrinação ao Oeste, de Wu Cheng´en, e o Sonho do Pavilhão Vermelho, da autoria de Cao Xueqin, foram classificados como quatros brilhantes obras entre os romances clássicas chinesas e foram publicados em vários idiomas estrangeiros.
No movimento cultural pela nova democracia, nos anos vinte e trinta do presente século, os escritores progressistas representados por Lu Xun empunharam a bandeira anti-imperialista e anti-feudal, tomaram a literatura como arma, denunciaram as forças perversas que escravizavam a China e despertaram a população par a luta. Foram obras-primas da época o romance A Verdadeira História de AQ, da autoria de Lu Xun, o romance A meia Noite de autoria de Mao Dun.
Com a fundação da República Popular da China em 1949, a literatura chinesa entrou na fase contemporânea. A rocha vermelha de Luo Guangbin e Yang Yiyan, Canção da juventude, de Yang Mo, Grandes mudanças na aldeia de montanha, de Zhou Libo e outras foram obras representativas da primeira época dessa fase contemporânea, o que refletiam as duras lutas e os enormes sacrifícios no período da libertação. Durante a "revolução cultural" (1968-1978), a literatura teve grandes prejuízos e apresentou um quadro de empobrecimento. A partir da reforma e abertura de 1978, a literatura retomou seu vigor. surgiram obras que refletem a vida do povo na "revolução cultural" (1968-1978) e perspectivas pela nova vida.
ÓPERA DE BEIJING
Entre mais de 300 variedades de óperas locais tradicionais da China, a ópera de Beijing é mais conhecida e influente. Recebeu seu nome porque se formou nesta cidade nos começos do século XIX.
A ópera de Beijing mistura o teatro, a canção, a música, a dança e as artes marciais em conjunto. Nas atividades cênicas de 200 anos, se acumulou mais de mil peças e formou uma série de modelos musicais e fórmulas representativas.
Nos 50 anos desde a fundação da República Popular da China, o Estado e o povo dão muita atenção ao desenvolvimento da ópera de Beijing; os autores profissionais e os artistas criaram muitos novos programas, entre os quais alguns de temas históricos e outros temas das guerras revolucionárias modernas, da edificação socialista e da vida do povo. Ao mesmo tempo, surgem grande quantidade de artistas contemporâneos da ópera de Beijing: Mei Lanfang, Cheng Yanqiu, Ma Lianliang, Zhou Xinfang, Du Jinfang, etc. Para desenvolver esta ; ópera típica da China, muitos artistas e simpatizantes fazem grande quantidade de obras para atrair mais espectadores e levar a ópera aos palcos estrangeiros.
ACROBACIA
Faz 2.500 anos, no Período de Primavera e Outono, na China apareceu a acrobacia. Primeiro se desenvolveram competições de força. Homens fortes lançavam e pegavam rotas pesadas exibindo ao povo força e destreza. Na dinastia Han se popularizou a representação acrobática, que se convertia em programas recreativos tanto nos banquetes imperiais como nas celebrações populares.
A acrobacia da China se difunde de geração em geração. Entre os números famosos figuram: "atravessando argolas", "jogo de diabolôs", "jogos com os pés", "jogos com jarrões", "jogos com pratos giratórios" e "equilíbrio de grandes taças na cabeça". Depois da fundação da República Popular da China, em 1949, o Governo cuidou do seu desenvolvimento e a acrobacia conseguiu avanço rápido.
De 1981 a 1997 o país ganhou 35 vezes de modo acumulado, o "Prêmio Presidente da República da França" que é o principal prêmio do Festival Internacional de Acrobacia. A partir de 1987 se comemora cada dois anos o "Festival de Acrobacia Internacional de Wuqiao da China" e os conjuntos nacionais e estrangeiros de alto nível participam das competições e fazem exibições.
RELIGIÃO
A religião chinesa não é uma religião única como o judaísmo ou o islamismo. É constituída de muitas religiões e filosofias diferentes, as mais conhecidas são o confucionismo, cujo nome derivou de seu fundador, Confúcio (551-479 a.C.), e o taoísmo. Ao lado delas, a religião popular é tão extensamente praticada que, embora seja ainda mais diversificada, se constitui em um quarto caminho. Os chineses em geral não sentem que devam aceitar determinada religião ou filosofia e rejeitar as demais. Eles escolhem aquela que parece ser mais conveniente ou proveitosa - seja no lar, na vida pública ou em um dos ritos de passagem.
Confucionismo
As idéias do sábio K´ong-fou-tseu (551-479 a.C.), conhecido no Ocidente como Confúcio, são as mais importantes do pensamento chinês, a par do taoísmo e do budismo. Porém, Confúcio não pretendia fundar uma religião. Seu propósito era propiciar instrução moral e ensinar as pessoas a viver bem, de acordo com os valores de dever, cortesia, sabedoria e generosidade. Uma das idéias mais importantes de Confúcio era que os filhos deviam honrar e respeitar os pais tanto em vida como após a morte. Por isso, ele encorajava a prática do culto aos antepassados, que já fazia parte da religião chinesa. Sábios posteriores como Mêncio (c.372-289 a.C.) e Zhu Xi (1130-1200) transformaram as idéias de Confúcio num sistema religioso.
♦ Taoísmo
Os adeptos do taoísmo buscam um caminho espiritual, o Tao, formulado por antigos pensadores chineses. Porém, o Tao é mais do que um caminho, é definido também como a fonte de tudo neste mundo. Ao seguir o caminho, os taoísta aspiram à união com o Tao, e portanto com as forças da natureza. Isso implica livrar-se de preocupações e apego ao mundo material para concentrar-se no caminho, alcançando assim equilíbrio e harmonia na própria vida e conquistando a paz que vem da compreensão. Diz-se dos que atingem esse objetivo que serão imortais após a morte física. Pensadores taoístas modernos distinguem duas formas desse credo estreitamente ligadas: o taoísmo religioso, que envolve a busca do Tao e o culto das divindades, e o taoísmo como um completo modo de vida, o que inclui idéias tradicionais sobre saúde, meditação e exercício.
♦ Budismo
O budismo é o terceiro dos três caminhos. Ela penetrou na China perto do início da era cristã, atingindo seu apogeu durante a dinastia T´ang (618-907). Ao oferecer aos chineses uma análise da natureza transitória e sofredora da vida, o budismo oferece também um caminho de libertação, introduzindo no entanto a possibilidade de que os ancestrais estejam sendo atormentados no inferno. Rituais para adquirir e transferir méritos aos mortos tornaram-se importantes, seja pela execução correta de funerais, seja por meio de outros rituais. A fim de introduzir o budismo na China, os budistas realizaram vastos programas de tradução, literalmente de textos, mas também de idéias indianas, divindades e outras figuras.
♦ Religião Popular
Há um quarto "caminho", a religião popular da vida do dia-a-dia, com festivais dramáticos, mundos-fantasma, técnicas de magia (que abrangem desde curar doenças a erguer casas) e cuidados com os mortos e ancestrais. Uma prática importante é a Feng Shui, ou geomancia, a escolha do local das habitações, para mortos ou vivos, em áreas que recebam as correntes do alento vital, o ch´i, por onde ele circula. Cidades podem ser construídas sob esses princípios, buscando harmonizar as energias yin e yang, de cuja interação o universo e suas inúmeras formas emergem.
♦ O Mandato Celestial
A noção chinesa de realeza estava enraizada na crença de que os ancestrais reais tornavam-se divindades e deveriam ser cultuados. Se os governantes chineses ganhassem a aprovação do Céu e dos ancestrais, eles assegurariam a regularidade das estações, uma boa colheita, o equilíbrio correto do yin e do yang na comunidade e a manutenção da hierarquia real. Isso era chamado o Mandato Celestial. Os primeiros textos, preservados no Shu Ching (Clássico da História), revelam uma noção de "direito divino". O povo chou, que destronou seus governantes em 1027 a.C., estava ansioso para mostrar que o Céu havia sancionado sua sucessão, e o filósofo confucionista Mêncio (371-289 a.C.) ajudou-os a sustentar seu poder afirmando que, se o governante fosse juntos, fizesse sacrifícios para o Céu e cultuasse os ancestrais, então a ordem cósmica, natural e humana seria mantida e o governante conservaria a Mandato Celestial.
DRAGÃO CHINÊS
Dragão (long em chinês e ryu em japonês) segundo a mitologia chinesa, foi um dos 4 animais sagrados convocados por Pan Ku (o deus criador) para participarem na criação do mundo.
É enormemente diferente do ocidental, sendo um misto de vários animais místicos: Olhos de tigre, corpo de serpente, patas de águia, chifres de veado, orelhas de boi, bigodes de carpa, juba...
Representa a energia do fogo, que destrói mas permite o nascimento do novo. (a transformação). Simboliza a sabedoria e o Império.
É representado de várias formas, a mais comum é o dragão de 4 patas, cada uma com 4 dedos para frente e 1 para trás, o dragão imperial, ou carregando uma pérola numa das patas - dragão das águas marinhas.
A Imagem de um dragão azul preside o pólo oeste, o oriente.
Referências Bibliográficas:
www.consulado-china-rj.org.br
www.vidaperpetua.com.br